dez 02, 2013
Estresse ambiental pode reduzir o desempenho de vacas leiteiras
dez 02, 2013
O verão está chegando e, junto com ele, vêm as altas temperaturas e a alta umidade. Esta combinação pode ser extremamente prejudicial à saúde e ao bem-estar do animal e, consequentemente, levar a uma queda em sua produção. É claro que não é possível controlar o clima, mas existem algumas ações que podem ser tomadas na fazenda para que o animal seja menos afetado durante esta estação do ano.
Estudos recentes da Universidade do Arizona (Burgoss & Collier 2011) revelaram que o estresse térmico era amplamente subestimado em rebanhos leiteiros, sobretudo em climas temperados, como é o caso do Sul do Brasil.
Qual é a zona de conforto de temperatura para vacas leiteiras?
A Zona biológica termoneutra para vacas leiteiras fica entre 5° C e 25° C (Kadzere 2002), sendo o limite para o estresse ambiental temperaturas acima de 25° C. O mesmo estudo da Universidade do Arizona mostrou que, assim como o potencial de produção das vacas leiteiras aumentou, também aumentou sua sensibilidade ao estresse térmico, reduzindo o limite do Índice de Temperatura e Umidade (ITU) em que começam a ocorrer as perdas de leite. Anteriormente, o valor limite era de 72, mas estes novos estudos apontaram que em 68 já são percebidos efeitos adversos na produção de leite. Mais detalhes podem ser vistos na tabela abaixo:
De acordo com a tabela, é possível identificar o que acontece com o animal em cada combinação de temperatura e umidade, e delimitar em qual grau de estresse ele está.
Outros sinais que mostram que sua vaca leiteira pode estar sofrendo estresse térmico:
– A transpiração aumenta
– A vaca fica com a boca aberta e a língua estendida
– O consumo de água cresce
– O animal procura por lugar mais fresco (sombra, vento)
– Aumenta a salivação
Efeitos do estresse ambiental em vacas leiteiras em lactação
– Consumo de matéria seca mais baixo, redução na produção de leite e nos componentes do leite (gordura do leite + proteína do leite).
– Queda no desempenho reprodutivo, aumento de laminites
– Aumento na incidência de problemas de saúde, como acidose ruminal subclínica (ARS), cetose, retenção de placenta e metrite.
Saccharomyces cerevisiae I-1077 tem efeitos positivos sobre o animal em estresse térmico
A ADSA – American Dairy Science Association (Associação Americana de Ciência Leiteira) recentemente publicou um estudo da Universidade da Flórida (Marsola et al., 2010) que foi conduzido sob estresse térmico severo (ITU médio = 80) para avaliar os benefícios de uma levedura específica do rúmen (Saccharomyces cerevisiae I-1077) no desempenho leiteiro das vacas e em sua condição ruminal. As principais conclusões do estudo mostraram melhora na eficiência alimentar e controle do pH ruminal.
– Melhora na eficiência alimentar
Neste estudo de três meses, com o fornecimento de Saccharomyces cerevisiae I-1077, a eficiência alimentar melhorou significativamente em 7%, o que equivale a +120 g de energia convertida em leite/kg de matéria seca ingerida.
– Controle do pH ruminal
O estresse térmico é um importante fator de risco da acidose subaguda. Neste estudo, os cientistas também mediram o pH do rúmen e o nível de lactato nas vacas. Eles detectaram que no grupo que recebia a Saccharomyces cerevisiae I-1077, o número de vacas com risco de acidose subaguda (com pH ruminal abaixo de 5,8 ou nível de lactato acima de 1mM) foi significativamente menor que no grupo controle.
Outras maneiras de se evitar o estresse térmico
– Deixe sempre muita água fresca disponível. Cheque se a composição da dieta e o suplemento mineral estão no ponto ótimo;
– Melhore a ventilação e a refrigeração no ambiente onde as vacas ficam, se alimentam e onde ocorre a ordenha, com uma combinação de sombra, circulação de ar e, se necessário, água;
Adaptado de https://lallemandanimalnutrition.com/blog/heat-stress-an-underestimated-issue-for-dairy-cows/ e do Heat stress farmer leaflet da Lallemand Animal Nutrition.