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O estresse térmico pode prejudicar as vacas leiteiras no pós-parto. Os produtores poderiam encontrar soluções por meio da nutrição?
O estresse térmico pode prejudicar a produção de leite, mas há novas ferramentas disponíveis para ajudar nutricionistas e produtores de todo o mundo a estimar suas perdas e tomar medidas para recuperar a produção.
Além disso, pesquisas recentes investigam a relação entre o estresse térmico, a resposta imunológica e o estado inflamatório e antioxidante das vacas. Parece que, para as vacas em transição, a situação pode ser ainda mais desafiadora.
Estresse por calor: Um gatilho para vacas leiteiras no pós-parto
Temperaturas elevadas desencadeiam a secreção de cortisol, que também é conhecido como o hormônio do estresse. Cientistas demonstraram que o estresse térmico podem afetar a imunidade inata da vaca, interromper padrões inflamatórios e afetar sua capacidade antioxidante (Li et al., 2021). Pesquisas demonstraram que aumentos no índice de temperatura e umidade (THI) aumentam a incidência de doenças uterinas e casos de retenção de placenta (Gernand et al., 2019). As doenças uterinas já afetam até 40% das vacas após o parto. Outros estudos mostram que a contagem de células somáticas (CCS) do leite aumenta à medida que o THI aumenta, bem como o número de amostras de leite com contaminação bacteriana.
Isso pode significar que a resistência ou capacidade do hospedeiro de lutar contra os patógenos é reduzida quando a vaca sai da sua zona de conforto térmico, que já pode começar em 18°C que, dependendo da umidade do ambiente, já atinge o THI de 68.
O estresse por calor diminui a produção de leite
Em estudo recente (Molinari et al., 2022), vacas estressadas pelo calor apresentaram diminuição na produção de leite (35,8 a 31,9 kg/d), o que corrobora com observações anteriores (Collier et al., 2017). Elas também estão mais propensas a ter respostas inflamatórias aumentadas no período pós-parto em comparação com vacas não submetidas ao estresse térmico. Os mesmos achados foram relatados por Menta et al., 2022. A redução da produção de leite também está associada ao estresse por calor, quer o período quente ocorra antes ou após o parto ou, até mesmo, em ambos.
A redução da produção de leite é observada tanto em novilhas e vacas multíparas, com uma redução de 1,7 a 2,4 kg de leite/vaca/ dia, durante os primeiros 90 dias após o parto. As consequências do estresse por calor parecem ser quase as mesmas quando as vacas foram expostas a períodos quentes antes ou depois do parto ou durante todo o período (THI > 72).
Essas informações mostram que as medidas para aliviar as consequências do estresse térmico devem ser consideradas durante todo o período de transição, desde a secagem até os primeiros meses de lactação.
A redução da ingestão de matéria seca pode aumentar o risco de doenças
A redução da ingestão de matéria seca (IMS) é comumente observada durante os períodos quentes. Pesquisas mostram que a doença uterina está associada à redução da IMS e à alteração do comportamento alimentar antes do parto (Hammon et al., 2006; Huzzey et al., 2007). Ainda mais do que as vacas multíparas, as novilhas têm maiores necessidades de nutrientes antes do primeiro parto devido ao desenvolvimento da glândula mamária durante o final da gestação – o que torna ainda mais importante o apoio à nutrição das novilhas. É possível que a redução da IMS observada durante o estresse térmico afete mais novilhas do que vacas multíparas. Isso poderia explicar por que novilhas parecem mais predispostas a doenças uterinas (Menta et al., 2022).
Soluções para gerenciar o estresse por calor
É fundamental implementar práticas que possam aliviar o estresse térmico em vacas em gestação e em lactação.
A redução física da carga de calor pode ser alcançada por meio do projeto do estábulo, da provisão de sombra, de ventiladores e aspersores e da manutenção de suprimento adequado de água. Os responsáveis pelas fazendas também podem adotar soluções nutricionais para manter a ingestão, atenuar a inflamação e apoiar a resistência das vacas ao estresse oxidativo.
Entre essas soluções, aquelas baseadas em microrganismos se mostraram eficazes em vacas leiteiras.
- Levedura viva para melhorar a eficiência alimentar sob estresse
Estudos mostram que as vacas melhoraram sua capacidade de extrair energia da dieta com a adição da levedura viva Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077. Perdomo et al., (2020) mostraram melhoria na eficiência alimentar com aumento de 130 g de leite/kg MSI em vacas leiteiras em lactação sob estresse térmico com a adição da levedura viva específica S. cerevisiae CNCM I-1077 (LEVUCELL SC), fornecida na dosagem específica para estresse por calor (2 × 1010 UFC/cabeça/dia).
O mesmo estudo também demonstrou que a adição da levedura viva melhorou o comportamento de ruminação, aumentando tempo de mastigação e reduzindo o tempo entre eventos de ruminação. S. cerevisiae CNCM I-1077, na dosagem específica de estresse por calor (20×109 UFC/cabeça/dia), melhorou a atividade de ruminação (Figura 1), além de ter reduzido sinais de inflamação com menos compostos inflamatórios encontrados no sangue (Figura 2), o que confirmam os achados de estudos anteriores em vacas em transição (Bach et al., 2018; Bach et al., 2019).
Figure 1: Efeito da suplementação com levedura viva no intervalo médio entre eventos de ruminação sob estresse por calor (From Perdomo at el., 2020).
Figure 2: efeito da suplementação com levedura viva nos marcadores sanguíneos da resposta inflamatória (from Perdomo at el., 2020).
- Manutenção do equilíbrio antioxidativo
A manutenção de um estado antioxidante equilibrado é uma maneira de apoiar o sistema imunológico e aliviar as consequências negativas do estresse térmico no pós-parto, como o aumento da inflamação e diminuição da produção de leite.
A alimentação com antioxidante específico com alta biodisponibilidade, como a levedura enriquecida com selênio (ALKOSEL), e um suplemento rico em superóxido dismutase (SOD) chamado MELOFEED (Fig. 3 e 4), traz os seguintes benefícios durante o estresse térmico:
- Melhora
ra capacidade antioxidante na época do parto (Niwinska and Andrejewski, 2017; Lallemand Animal Nutrition internal data, 2020), - Menor contagem de células somáticas (Weiss and Hogan, 2005; Lallemand Animal Nutrition internal data, 2012-2013; 2020,).
A suplementação com selênio também está ligada a redução da retenção de placenta (Harrison et al, 2021).
A Lallemand Animal Nutrition oferece uma linha completa de soluções naturais microbiológicas.
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REFERÊNCIAS
Bach A., Guasch I., Elcoso G., Chaucheyras-Durand F., Castex M., Fàbregas F., Garcia-Fruitos E., and Aris A. , 2018. Changes in gene expression in the rumen and colon epithelia during the dry period through lactation of dairy cows and effects of live yeast supplementation. J Dairy Sci. 101(3):2631–2640
Bach A., Lopez-Garcia A., Gonzalez-Recio O., Elcoso G., Fabregas F,. Chaucheyras-Durand F., Castex M., 2019. Changes in the rumen and colon microbiota and effects of live yeast dietary supplementation during the transition from the dry period to lactation of dairy cows. J Dairy Sci. 102( 7):6180-6198
Collier, R. J., R. B. Zimbelman, R. P. Rhoads, M. L. Rhoads, and L. H. Baumgard. 2017. A re-evaluation of the impact of temperature humidity index (THI) and black globe humidity index (BGHI) on milk production in high producing dairy cows. :113–125 in Proc. Western Dairy Management Conference, Reno, NV.
Gernand, E., Konig S., and Kipp C.. 2019. Influence of on-farm measurements for heat stress indicators on dairy cow productivity, female fertility, and health. J. Dairy Sci. 102:6660–6671.
Hammon, D., Evjen, I. M., Dhiman, T. R., Goff, J. P., & Walters, J. L. 2006. Neutrophil function and energy status in Holstein cows with uterine health disorders. Veterinary immunology and immunopathology, 113(1-2), 21-29.
Huzzey, J. M., Veira, D. M., Weary, D. M., & Von Keyserlingk, M. A. G. 2007. Prepartum behavior and dry matter intake identify dairy cows at risk for metritis. Journal of dairy science, 90(7), 3220-3233.
Li, H., Y. Zhang, R. Li, Y. Wu, D. Zhang, H. Xu, Y. Zhang, and Z. Qi. 2021. Effect of seasonal thermal stress on oxidative status, immune response and stress hormones of lactating dairy cows. Anim. Nutr. 7:216–223.
Menta, P. R., Machado, V. S., Piñeiro, J. M., Thatcher, W. W., Santos, J. E. P., & Vieira-Neto, A. 2022. Heat stress during the transition period is associated with impaired production, reproduction, and survival in dairy cows. Journal of Dairy Science, 105(5), 4474-4489.
Molinari, P. C., Davidson, B. D., Laporta, J., Dahl, G. E., Sheldon, I. M., & Bromfield, J. J. 2023. Prepartum heat stress in dairy cows increases postpartum inflammatory responses in blood of lactating dairy cows. Journal of Dairy Science, 106(2), 1464-1474.
Niwinska, B., M., Andrzejewski. 2017. The effects of forms of selenium in supplement on the diet–cow–calf transfer of selenium in Simmental cattle. Czech Journal of Animal Science, 62(5):201-210
Perdomo, M. C., Marsola, R. S., Favoreto, M. G., Adesogan, A., Staples, C. R., & Santos, J. E. P. 2020. Effects of feeding live yeast at 2 dosages on performance and feeding behavior of dairy cows under heat stress. Journal of Dairy Science, 103(1), 325-339.
Weiss, W. P., J. S. Hogan. 2005. Effect of Selenium Source on Selenium Status, Neutrophil Function, and Response to Intramammary Endotoxin Challenge of Dairy Cows. Journal of Dairy Science, 88:4366–4374
Published Apr 6, 2023 | Updated Sep 26, 2023
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